Era uma vez

Era uma vez...
É assim que começam quase todas as estórias da nossa infância.
Hoje já não se lêem estórias. Temos os cartoons, os mundos virtuais ou os jogos de computador. Ainda assim e porque o sub-desenvolvimento nem sempre é mau aqui em Angola ainda se ouvem as estórias dos mais velhos que ainda acompanham as famílias nas suas deslocações, as crianças ainda se juntam nem que seja no fim-de-semana para brincar lá fora e a magia ainda circula nas mentes daqueles que respiram este ar ainda um pouco poeirento.
Estar em Angola permite o melhor dos dois mundos. Sendo um país ainda em vias de desenvolvimento encontramos facilmente locais virgens onde podemos desfrutar de quem nos é próximo e apreciar o que de melhor a natureza nos dá. Por outro lado não existe neste momento em Angola restrição possível ou imaginária que não a do Dólar Americano. Tudo existe, tudo se compra e tudo é negociável.
A admiração não passa tanto pelas paisagens e locais idílicos que se encontram ou pelo facto do dinheiro comprar tudo. A estupefacção surge ao ver a quantidade de pessoas que efectivamente compra, que efectivamente tem e que efectivamente esbanja balurdios em contraponto com quem nada tem.
Julgo que será difícl encontrar local onde as dicotomias sejam tão flagrantes e até ridículas como em Angola.
Sei que já não escrevia à algum tempo mas quando existem meios eu lembro-me de vocês.
Um beijo e uma pipoca
AB

Ai que saudades....

Depois de um inicio auspicioso e de entradas cada vez mais frequentes por certo já tinham saudades da minha escrita eloquente e correcta.
Pois é mas como a Internet não é um bem essencial e obrigatório a actual casa onde me encontro não dispõem da dita.
Hoje numa fuga ao escritório da minha esposa aproveito para vos avisar que posso não estar a escrever com a frequência desejada mas não desisti ainda desta ideia.
Tenho muitas histórias e novidades para todos vocês! Por hoje digo apenas que estamos todos bem, a Raquel foi hoje levar picas e está uma delicia de criança, a esposa já escreve (ainda hei-de de conseguir que ela escreva uma história para vocês) e eu continuo como mega dono de casa!
Beijos e Pipocas
AB

Finalmente marido!!!

Arranjei um tempinho ou melhor coragem para vir até cá gatafunhar algo...
Apenas para dizer que a vida em Angola, é a vida em Angola e não vale a pena fazer comparações...
Adoro a minha terra, as minhas gentes e não há nada melhor do que ter esta sensação de estar de regresso.
Estou de regresso!!!
E feliz por estar em paz comigo e estar com a minha familia no sentido restrito e alargado do termo, alias cá não há sentido restrito do termo familia.

Até um dia

Laripwo

Resultados da 1ªjornada

Um jovem, a sua jovem esposa e a mais que jovem bebé.
Um país, muitas maravilhas e um povo que não sabe o que tem!

Passou a primeira semana. Algumas coisas mudaram outras mantêm-se. A mãe continua a trabalhar (mal seria se já tivesse sido despedida ou se se tivesse despedido não é!) e a Raquel tem uma nova amiga de nome Manuela. Eu talvez deva reformular, a Raquel tem uma nova parceira visto que só gosta dela quando lhe convém ou quando a mãe está presente. Vai de traquinas a malandra esta miúda.
O pai esse... hum! Digamos apenas que vou saltar esta parte do comentário devido a falta de material digno de reportagem.

Para compensar vou tentar dar a conhecer um pouco quem nos rodeia e o que nos rodeia.
Hoje optei pela discrição de um local chamado Projecto Longa Vida e Bairro Patriota.
Este Bairro onde as nossas acomodações ficam situadas está localizado em Luanda sul e é a área de Luanda que está a ser urbanizada quase que à força de tão rápida que está a decorrer a invasão de condomínios.
É no entanto o melhor local para se habitar devido à tranquilidade e segurança que representa. Arrisco-me a dizer que é quase como morar numa zona de moradias algures na linha de Sintra ou Cascais. É bom, é perfeito e é longe para quem trabalha no centro da cidade.

Passamos por isso ao trânsito...
Luanda é uma cidade que cresce sem fronteiras e praticamente sem regras e como o angolano tem que ter uma viatura própria imaginem o caos que não é conduzir nesta cidade. Eu já vi o IC19 sem mexer e quem já cá veio sabe que não minto, isso não é nada. Luanda tem trânsito de pára arranca entre as 07:30 e as 22:30 todos os 7 dias da semana.
Para piorar a situação não existem transportes públicos e a sinalização anda perto do zero. Ou melhor existe uma espécie de Táxis versão africana a que chamamos "candongueiros". Este veículos são na sua quase totalidade toyotas Hiace existindo agora uma nova vaga de toyotas starlet. Estes veículos têm um percurso fixo e param em qualquer lugar (qualquer mesmo) e as pessoas entram e saem quando querem. O funcionamento é semelhante ao de um autocarro mas sem paragens fixas. E porque pioram estes o transito?! 1º porque param como disse em qualquer sitio e em 2º porque o respeito pelas regras elementares do trânsito é totalmente inexistente. Desde andar em contra-mão para passar à frente dos outros até andar pelas bermas e passeios. Tudo vale para chegar antes.
Por último o facto de a cidade estar TODA em obras também não ajuda no trânsito. Acredito sinceramente que as obras e planos que estão a decorrer na e para a cidade de Luanda vão alterar radicalmente esta situação a breve trecho, no entanto será necessário alterar radicalmente a mentalidade do condutor angolano. As mudanças que estão a ser implementadas desde o código de estrada mais rígido, ao reforço policial nas estradas e às novas vias (quase todas com um mínimo de 3 faixas de rodagem) são de louvar mas de que serve um código se ninguém o respeita, policia se esta ganha tão mal que facilmente se deixa corromper ou pavimentos largos e de qualidade se os condutores não são capazes de respeitar as faixas de rodagem! Em Angola só há acidentes por dois motivos ou porque a estrada é demasiado boa e puxa pelo acelerador ou porque a estrada tem buracos e não tem qualidade. A culpa só não é do condutor que está bêbado e em excesso de velocidade.
Não guardem má imagem pelas palavras que aqui deixo. Este país é, garanto-vos, maravilhoso. A maioria só ainda não se apercebeu disso...
Um beijinho e uma pipoca.
AB

A mãe, o pai e a ama Manuela

Começou a nova vida.
A mãe foi trabalhar e a pequena Raquel fica a chorar. O pai está no computador e eis que entra a nova actriz desta novela da vida real.
Manuela de seu nome, estudante de profissão e ama nos tempos livres. Chegou, viu e não convenceu a pequena Raquel que continuou a chorar... mas Manuela com teimosia, paciência e tempo para gastar não se deixou assustar. Amanhã está de volta para a pequena domar.
A mãe também está a adaptar-se ao novo rumo. Trabalha 10 horas e quando vai para casa "tem" de compensar uma bébé saudosa e exigente.
Pior está o pai. Passou de um emprego exigente e de uma vida em modo acelerado para tempo livre mais do que desejado. Julgo que começa a considerar verificar a resistência das paredes com a testa. Já lhe passa quando tiver de enfrentar o transito de Luanda.
Um beijo e uma pipoca
AB

De volta à banda

Ano novo vida nova.
Raras vezes uma frase foi tão literal. Um novo ano trouxe uma nova cidade, um novo trabalho, uma nova casa e novas relações.
Desde à muito em Portugal decidimos nesta altura regressar a Angola. Enfretamos um desafio há muito ansiado e viémos na companhia do mais adorável ser, a pequena Raquel.

Criámos este espaço para manter os velhos laços pois não queremos que a distância seja um muro. Aguardamos assim pelos vossos comentários e vamos tentar escrever o mais frequentemente possível.

Beijinhos e pipocas
A gerência